Por- Mariângela de L. Coutinho Souza Silva
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Imagem- Mariângela
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
A água, o fogo, tem levado de nós os erros que vivemos a fazer...
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
A farsa, família, poesia discrepante dos retalhos dos "eus"!
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
O luto, o choro, a crença, um Deus:
Os homens que sabem e não desejam sentir: - Seu Deus, está em você!
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
A luta de mim, de todos, do nada em nada!
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
Você, o silêncio, o medo, o desamor, doendo em nós!
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
Que o nada, dispara, solenemente... na sociedade ausente!
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
A luta, dispersa, perdida, sumida, nua e crua!
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
Que amar é mentira, é nada, sabatina todo dia...
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
Que loucos, vivemos, achando vida nos túmulos do eu...
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
quem trai, se adverte, se entrega ao nada, inerte...
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
Que a alma abandona, o corpo sem mente
E que todo dia, acredita e mente: - QUE MENTE?
- A que mente!
Mais que meus olhos enxergam, meu coração vê:
As lutas, constantes, abusam de nós...
E entramos na dança dos vícios dominantes:
As drogas que nos regem no dia a dia dos fortes:
Mais que meus olhos enxergam, minha alma vê:
Que há tristezas profundas no fundo mar
De quem habita em si mesmo e não se deixa dobrar
Pelo vai e vem impune de ser nada na vida
E ver tudo passar em cada dia,
Na maior despedida...
Mais que meus olhos enxergam, minha alma vê:
Meu ser refletido, em mim, em você:
- Cadê todo mundo que se julga gente?
- Cadê tal amor que todos cantam?
Cadê eu e você?
Cadê o respeito de tudo que fomos?
- Cadê intimidade, o belo, o fogo?
Cadê sua alma?
- A minha está aqui, sem necessidade nenhuma de aparecer...
Pois paro, penso, reflito e insisto:
A mim, ninguém compra, pois tenho meu respeito!
Pois...
Mais que meus olhos enxergam, minha alma vê, questiona:
- Será que estou ficando doida ou parte do mundo morreu?
Será que estou ficando doida vendo os loucos se entregando
A esse nada que dizem ser viver?
Será que estou ficando doida pelo muito que fabricam
E sobra tão pouco de si?
Ah, não quero ser todo mundo,
Nem melhor do que ninguém:
Quero ser sempre desejo profundo
De tentar ser melhor, a cada acordar,
A cada dormir...
Com travesseiro consciente, que mesmo que aflito,
Me faz convencer no pesadelo da vida
- Não, não quero ser qual você!
Pois mais que meus olhos enxergam,
Minha alma dia aflita:
- Se a maioria se deixa ir,
Prefiro só, o meu coração a bater:
Tum, tum, agora mesclado a alma,
O bronze do meu viver
Reforça em mim o meu ser:
De estar, de crer em mim, em Deus,
E seguir no saber!
Feliz domingo, leitores!
Mariângela