MORCEGANDO

Por- Mariângela de Lourdes Coutinho Souza Silva

dmariangela09@yahoo.com.br

Imagem: http://www.escolakids.com/morcegos.htm

Em minha profissão de professora, sinto-me muito realizada, pois é uma convivência diária com o humano,

Na oficina literária de hoje, quando contei a história "A Mamã Morcego" de Maria Helena Simen, tive uma emoção muito forte!

Fizemos uma contação de história ligeira, com os fantoches de morcego que cada criança havia feito.

Em dupla, contava-se a história de duas morcegos.

E foi então que a história mais emocionante que escutei, demonstrando que essa crise econômica e vergonhosa de nosso país chega até aos lares, desmoronando a dignidade de pais, afetando a infância dos pequeninos que deixam muitas vezes de lado a alegria de um ser tão doce e inocente!

Essa é uma história simples, doce como toda criança  é, com a cor de uma história política de atitudes corruptas que destroem lares e tiram das crianças sua doçura e felicidade... 

Ainda bem que quando a aluna terminou sua história, imbuída ainda pela alegria da oficina,  peguei meu fantoche do morcego e interferi em um final mais feliz e desejoso que assim seja cumprido. Pois ser professora é poder sim transformar um coraçãozinho triste em alegre e esperançoso - mesmo vivendo em um país de alguns políticos tão corruptos e sem caráter!

A história  que foi contada é assim:

"Era uma vez, na casa de papai e mamãe morcegos, um papai morcego que perdeu seu emprego e que fez de tudo para arrumar outro  mas não conseguiu.

Voou de um lado para o outro, mas não conseguiu nada!

Aí, a mamãe do papai morcego ligou para ele e disse: - vem pra cá, fica aqui em casa com a gente!

E todo mundo foi para casa da vovó morcego.

A noite chegou e papai morcego não dormiu nadinha!

FIM

E foi aí que pude intervir da seguinte maneira, a fim de amenizar o sofrimento de minha querida aluna: - Mas a vovó morcego, um amor de morceguinha, tinha debaixo de suas asinhas um pozinho mágico que jogou sobre o papai morcego dizendo assim: - esse é o pozinho do amor e da boa sorte, pois com certeza, meu filho, conseguirá um emprego rapidinho!

... E olhando naqueles olhos  que brilharam de felicidade com um outro final  de história mais feliz, pude mentalizar para ela: - Se Deus quiser, seu pai encontrará seu emprego, que assim seja!

E foi assim que terminamos essa oficina... E foi assim que tive mais uma vez , infelizmente, vergonha  de ser brasileira.

Bateu-me uma tristeza imensa, misturada com uma vontade gigante de lutar todos os dias para que essas crianças tenham outros horizontes, que possam mudar a cara lavada de nosso país para um semblante de  honestidade e de alegria - com uma vida digna que todos merecem ter...

Morcegando... Chorando por dentro ao ver nos olhos de uma criança do segundo  período a realidade de uma das consequências da farra de corrupções em nossa pátria...

Pelo menos pude alegrar por alguns instantes a vida de uma criança, mesmo que ao retornar para o seu lar e ver outra realidade, possa fazer voar seu fantoche de morceguinho e se lembrar sempre que há uma professora que a ama muito e que deseja que tudo dê certo, para e ela e sua família, pois Deus está sempre conosco... e adormecer feliz como toda criança deve dormir!

Feliz sexta-feira, leitores!

Mariângela