sábado, 11 de junho de 2011

ANTÚRIO DO AMOR

                                       
                               Por  : Mariângela de Lourdes Coutinho Souza Silva
                                            dmariangela09@yahoo.com.br

Era uma vez o Amor . Vivia a procura de alguém que se sensibilizasse a ponto de sentir necessidade de tê-lo consigo e dividi-lo com alguém .
Um dia, Amor encontrou uma jovem que desejava do fundo de seu coração encontrar alguém para compartilhar seu viver . E foi nesse peito doce e cheio de esperanças que Amor se instalou !
Ficou ali, aguardando pacientemente alguém para dividir aquele sentimento tão puro – um dos maiores existentes no coração de alguém.
Dias se passaram, meses, e a jovem ainda não havia repartido aquele sentimento... Buscou-o em tantos namorados, tantos olhares, abraços, mas não o encontrou em pessoa alguma o que mais necessitava para si mesma : o Amor !
Amor já começara a ficar desanimado – pois já imaginava que naquele peito jamais seria encontrado um Amor para dividir !  Então resolveu se instalar em outro coração : um jovem, que logo que Amor o visitou, imediatamente pediu sua namorada em noivado e se casou três meses depois !
Amor ficou tão satisfeito com sua conquista que resolveu sair de férias, ir curtir a vida ! Afinal, já estava feita a sua missão !
Depois de alguns anos, Amor voltou para ver como ia a vida do lindo casal ! E foi com pena que Amor avistou que naquele lar não se comemorava mais nada : nem almoços juntos – pois o futebol não deixava que o almoço fosse compartilhado – o marido havia de ver todos os lances do mesmo jogo que tinha assistido a um dia atrás  – mas isso sim, era algo muito necessário e não podia perder !
E assim sua mulher almoçava só todos os dias... Os pratos, copos, talheres, tudo ficava para que sua esposa lavasse e arrumasse também toda cozinha enquanto seu marido tirava uma cesta –afinal , ninguém é de ferro !
Quando voltava do trabalho, estava exausto ... Nossa, seu dia havia sido muito cansativo, mas nada que não melhorasse com um futebol, uma caminhada, andar de bicicleta. Assim sua mente e seu corpo estariam novinhos quando retornasse a seu lar. E quando voltava, tomava banho, jantava , via televisão e caía no sono ! Sono justo, de homem da casa, que corre atrás do dinheiro !
As datas comemorativas ? Há anos nem tinham mais graça – não pelo presente ou falta dele – mas pelo desamor que vinha com as mesmas . Sempre a mesma história : ou se comprava uma lembrancinha, entregava-a por puro compromisso, ou porque havia comprado algo de valor e de agora para frente os dias seriam de altas economias ... Mas a mulher tinha que ser acomodada com essa situação, afinal, ganhara algo de muito valor !
Ou a lembrança sem preenchimento algum de romantismo – não quero nada, não invente moda !
Assim se passaram datas e mais datas ... Até que um dia, a mulher cansada de viver com o Amor falso e necessitando ser amada de verdade, resolve voar em outros céus e vê lá de cima a primeira moça que Amor havia encontrado, entrado em seu coração e saído sentindo-se  derrotado – doce engano ! Pois foi aquela moça que havia cultivado o maior Amor de todos os tempos : o Amor a si própria
 Pois foi aquela moça que havia cultivado o maior Amor de todos os tempos : o Amor a si própria ! Ficou sozinha, saboreando cada momento de sua vida , mas sempre em contato com muitas pessoas ! Fez vários amigos, ocupou-se, levando uma vida digna – sempre esperando de si mesma que seus conhecimentos se prolongassem mais e mais !  Enxergava nos outros não o Amor falso – mas um Amor sem interesse , amor de lembranças verdadeiras, vontades verdadeiras, desejos verdadeiros – e esse Amor só aumentava dia a dia !
Havia pessoas que comentavam que ela era  infeliz , pois vivia só. Mas pensava assim : - não vivo só, sozinho está quem vive com alguém sem tê-la no coração !
E foi nesse instante, que ao elaborar mais um jardim em sua casa, resolve plantar somente antúrios – pois as flores dos mesmos eram só coração ! E a cada pessoa que conhecia que transmitisse a ela amor verdadeiro, doaria uma flor do antúrio !
E assim sempre  na data em que se comemorava o Dia dos Namorados, sua casa ficava sempre repleta de pessoas para levarem para seu verdadeiro Amor uma flor de  formato de coração ! Era o mais completo presente, a maior representação do Amor !
Os jovens que ainda não tinham namorado (da) não se entristeciam – iam até o jardim , pois sabiam que ali encontrariam seu grande Amor – pois quem ama flores sabe contemplar e dedicar-se a seres humanos !
Foi então que o marido, ao se ver sozinho, correu até o jardim em busca de um coração em flor para tentar reconciliar-se com sua ex esposa . Tarde demais ! Todos os corações já haviam sido entregues , sobrando somente um – já murcho e de cor marrom de tanto sofrer desamor !
Dia dos Namorados – cultivem o jardim desse antúrio chamado Amor !